quarta-feira, 16 de maio de 2012

Entre um desafio do dia e outro... um reencontro

Vou falar sobre uma pessoa que reencontrei - 98% de certeza que era a mesma pessoa - ontem.

Para entender de quem se trata, vá até o link na postagem do dia 21 de outubro.

Depois do trabalho e pegar o trem pra voltar, ainda tenho que pegar um ônibus para chegar até em casa. Seria por volta de 20 minutos andando e mesmo assim, à noite, não acho aconselhável.
De ônibus é bem rápido, mas dependendo do trânsito que em findomundópolis só aumenta, às vezes demora mais tempo do que gostaria.
Ontem não sei se demorou para chegar até meu ponto, estava tão preocupada em terminar o capítulo do livro que estou lendo que mesmo com a luz fraca do ônibus quis terminar.
Era uma das primeiras da fila esperando pelo bus, daí decidi sentar lá no fundão, perto da porta de trás, porque eu odeio a mania que o povo  tem de ficar se espremendo, sem necessidade, na porta que fica do lado do cobrador. Eu voltei com mais horror à muvuca... E como a maioria fica ali, é claro que fui lá pra trás pra ler tranquila e sem gente se espalhando do meu lado - como adoram fazer! Mas isso é assunto pra outro dia...


Daí, outras pessoas também já tinham ocupados os lugares, e só uma menina no mesmo fundão que eu, no outro lado. Não sentei na janela, ia descer logo e sempre tenho a absoluta certeza que se sentar na janela, alguém vai sentar do meu lado, preferi o banco do lado, perto do banco do meio, lá no fundão mesmo e assim fiquei sozinha, como queria!
Fiquei lá lendo, faltava pouco pra terminar o capítulo, uma folha e meia.

Percebi um rapaz que sentou do lado de outra moça, naquele banco que fica atrás do alto, normal, até perceber que ele me olhava, primeiro estava no celular (não ligando) e daí a pouco me olhou com insistência. Olhei, como se olhasse o que acontecia dentro do ônibus, não fixamente pra ele, pensando "o que esse bosta está olhando?" (mais antissocial, impossível, ainda mais que essa é outra coisa que me irrita: pessoas te olhando, te encarando). Achei que o cara via qual era o carro que vinha atrás, sei lá... não era ninguém que eu conhecia mesmo... algo assim. E ainda, pra desencargo, quando ele virou-se para a frente, olhei um pouco mais e não reconheci, era um cara com cabelo bem baixo, castanho, que não largava o celular que na mesma mão esquerda tinha uma aliança. Ainda pensei: não é aluno meu, não é alguém que conheço, não estou sendo mal educada... se fosse alguém que conheço, me chamava pelo nome ou diria "ei, professora!"

Até novamente perceber o olhar dele e não me desviar do meu livro.
Terminei o capítulo e estava muito mais preocupada com o que lia, pensando sobre o que lia, sobre minha vida... divagava... refletia... o olhar pra mim, nem era sentido... até que estava perto do meu ponto e o rapaz insistentemente me olhava e dei uma olhada arrumando minha mochila e levantando para pô-la nas costas: um bom jeito de olhar tentando disfarçar e... reconheci.
Por trás daquele cabelo baixo, dos óculos e da aliança na mão esquerda, reconheci o menino que conheci há quase 5 anos no trem. Ele parecia quase querer gritar para que eu me lembrasse dele, se remexia todo no banco, mas não falava palavra.
Quando fiquei de costas pra ele e de frente pra porta, mais uma vez disfarcei e olhei pelo reflexo da porta, ele estava olhando ali também, e eu disfarcei e não o encarei pelo vidro, como talvez ele quisesse.
Desci e andei devagar para ele não ver para onde eu ia, mas sim, deveria ser o garoto insistente do trem, parece não haver dúvida...

Não dei nenhuma chance para ele.
Não dou chance para quem tem uma aliança na mão esquerda.
Afinal, o que ele queria falar comigo, se desesperar para que eu olhasse pra ele?
O que isso ia mudar?
Queria que eu o reconhecesse? Sim, mas e daí?

Ele perdeu o encanto e a força quando cortou as madeixas. Principalmente quando tudo isso se junta a uma aliança de casado.

O mais engraçado, é que eu tinha me lembrado dele esses dias quando voltava no trem...
Agora já sei o que aconteceu com ele, e ele também sabe de mim e espero que não se esforce para saber mais que isso tentando pegar novamente o mesmo ônibus que eu.