Eu deveria escrever mais no blog, sempre foi minha terapia, mas muitas vezes tenho preguiça de ligar o computador, entrar no blog e escrever... não sei qual o desânimo pra isso, mas acontece.
Hoje não tive como fugir. Coisas guardadas nas profundezas vieram à tona e me senti tão mal, tão sozinha, tão abandonada como sempre...
Minha mãe estava revendo uma novela na TV, Ti Ti Ti, a segunda versão de 2010. Na trama há dois costureiros e minha mãe lembrou que eu adorava desenhar até o começo da minha adolescência e que eu poderia ter seguido carreira ligada a algo na área.
Daí contei a ela porque parei de desenhar: ia pra escola com duas meninas, uma estudava comigo e a outra era irmã dela, a irmã era quase 2 anos mais velha e era sempre muito má comigo, sempre me respondia atravessada e não fazia nenhuma questão de se mostrar legal.
Um dia, ela, a irmã mais velha, achou meus desenhos debaixo de uma almofada no sofá de casa e mostrou pra irmã mais nova e começaram a rir sem parar e tirar o sarro. Nunca mais desenhei. Lembro que na época contei pra minha mãe na volta da escola, rasguei todos os desenhos, chorei e falei que aquilo não era certo, alguém fazer o que elas fizeram, minha mãe, na época, só ouviu. Hoje ela me perguntou o que eu fiz na época e eu disse que tirei os desenhos delas e fui pra escola sem falar com elas que tiraram o sarro de mim pra todo mundo. E falei pra minha mãe que contei pra ela sobre isso. Ela disse que não lembra.
Daí relembrei que elas tinham dois vizinhos que eram irmãos que também voltavam com a gente da escola e que também me infernizavam a vida. Me imitavam falando, imitavam eu andando, diziam que eu era corcunda, diziam que eu andava como o Carlitos, me chamavam de gorda. E que eu contei tudo isso pra ela e meu pai na época, que eu chorava todos os dias quando chegava em casa e que meu pai só dizia que não era pra eu fazer "inimizade com os vizinhos". Nessa parte minha mãe já não me ouvia mais e falava da novela, que parecia mais emocionante da segunda vez na segunda versão. E lembrei que sempre foi assim: eu falava e ela: peraí!!! a novela!!!
Saí da cozinha e aqui estou...
Eu era a vítima e tinha que aguentar porque a amizade com os vizinhos e fregueses do bar do meu pai era mais importantes (como o pai desses moleques malditos). Assim como aguentava a outra vizinha que passou a ir com a gente também, mas ia até determinada parte com as amigas da sala, se você fosse falar com ela, ela ou ignorava ou reclamava dizendo que eu era mal educada de atrapalhar a conversa dela com a amiga, mas quando chegava na casa da amiga, ela corria pra falar com a gente e comia lanche Mirabell sem me oferecer esfregando na minha cara pra dizer que eu era tão pobre que não tinha dinheiro pra comprar um. E ela como filha de professora era querida por toda a escola.
Claro, por aqui no blog também deve ter o bullying que eu sofri da professora de educação física então não era nada fácil. O pessoal da escola só gostava de mim no dia da prova, quando todo mundo sentava perto de mim, naquele tempo era a CdF. O recreio era sozinha, a vida era sozinha, mas muitas vezes eu nem percebia isso, só analisei isso bem depois.
Tive amigas bem depois, mas até a mãe de uma delas achava que minha amizade era só pra dar nota pra filha: fui fazer trabalho na casa dela, como a mãe dela também era professora, falei pra ela ver se estava tudo certo (era uma das piores mães que já conheci na vida) e ouvi ela conversando na sala com o tio, falando pra minha amiga: ela não é a melhor aluna da sala?? pra que eu preciso ver se tá bom? faz isso e pronto, não me enche o saco! (eu na cozinha)
Até hoje me sinto só, porque percebo que nunca tive alguém que me apoiasse, até meus pais não me davam apoio. Se eu era a vítima, eu não estava fazendo inimizade e sim os outros! Os outros eram ruins comigo e eles deveriam ter feito algo! Cresci sozinha, sem amigos, sempre com "amigas" de escola que tiravam sarro de mim: riam dos meus pais serem rígidos (eu poderia ter só 10 nas notas e não era boa o suficiente), riam de eu ser super ingênua, riam de eu usar roupas reformadas das minhas tias ou usadas das minhas primas que também sempre me viram por cima dos ombros delas. E todo mundo sempre se achou no direito de me pisar.
Hoje eu sei porque não deixo ninguém falar nada na minha frente de um aluno, defendo sempre com unhas e dentes quem precisa, porque eu sei onde dói.