terça-feira, 14 de julho de 2015

Desabafo

A  vida não é como a gente sonha.

Eu já sonhei, quando criança e adolescente que tinha sido trocada na maternidade e que, a qualquer momento, alguém descobriria que aquela não era minha família e minha vida deixaria de ser miserável.

Isso nunca se concretizou, claro, um sonho estranho para alguém com dez anos de idade, mas que já sofria demais para sua idade.
Ter um pai alcoólatra destruiu todos os meus sonhos infantis e adolescentes, um por um a cada novo ano, novas frustrações, novos traumas, novas humilhações, novos bullyings. Tudo girou em torno de uma vida infeliz dentro de casa.

Porque não basta beber, tem que xingar, tratar como lixo sua família, mesmo que seja sua esposa e seus filhos pequenos e até bater. Espancar com mangueira de lavar quintal, pedaço de borracha, cinta e até o lado sem gume de facão.
Tudo pode ser usado para criar filhos para que não tenham autoestima,  perspectiva de vida,  apoio para que se tornem pessoas extremamente tímidas, desconfiadas, ansiosas, inseguras.

Como disse no post anterior só não me matei por causa da minha mãe e da minha avó, só não abandonei minha mãe por medo de que algo acontecesse com ela, mas hoje eu sei que não dá mais para eu cuidar dela e não ter quem cuide de mim.

Tomo antidepressivos, ansiolíticos, calmantes (quando necessário, como hoje que não dormirei bem se não tomar o Rivotril para acalmar meu peito que está tremendo demais). Tomo porque viver não é fácil e eu acho que já cuidei demais dos outros e pouco de mim, daí 8 anos de remédios controlados...

Se eu não fizer nada em breve para que a minha vida realmente mude, não sei se pararei internada ou morta por um infarto fulminante... eu sei que não posso mais ajudar minha mãe, ela nunca se ajudou como eu também sonhava: se separar do meu pai.
E eu não tenho mais idade nem saúde (muito menos vida) para continuar a acompanhar a vida de uma casal surreal, enquanto minha mãe é a Amélia e tenta há anos fingir que está tudo bem ou que vai melhorar fazendo promessa, meu pai está cada dia mais louco (demência alcoólica) e não para, não para, não para, não para, não para.... de fazer escândalos, de nos fazer morrer de vergonha dos vizinhos e parecer que a vida poderia acabar agora porque não se aguenta mais aturar alguém assim...

2016, ou eu mudo  tudo ou eu não suportarei...
Por que só ano que vem? Foi o prazo que dei pra mim mesma e pra minha mãe e porque me formo esse ano e espero começar com novo emprego que eu possa bancar um aluguel longe daqui.