domingo, 5 de fevereiro de 2023

 Minha vida virou de cabeça pra baixo.

Alguns que leem aqui sabem que perdi minha mãe no final de agosto passado.

É como se um pedaço meu tivesse sido arrancado, um pedaço que não tem volta.

Não sei se consegui me conformar, se consegui seguir, porque não tenho conseguido viver o luto.

Meu pai tem Alzheimer e piorou muito depois que ela se foi. Ele sempre foi uma pessoa difícil, muito difícil. Alcoólico, depressivo, de mal com a vida, controlador, extremamente controlador.

Hoje somos só nós dois e a relação tem sido sem grandes contradições porque eu tento não fazer nada que possa mudar a rotina, que não tenha uma tensão. Porque quando havia tensão eu me dava sempre mal (ele descontava, na maioria das vezes, na minha mãe), agora se eu resolver mudar essa situação não vou "me dar mal", só vai ficar mais insuportável de viver na mesma casa que ele. E já é difícil o suficiente, pra que piorar?

Tenho a casa toda pra cuidar. Minha mãe sempre foi aquele estilo "rainha do lar" e que tratava meu pai como filho, o filho mais difícil e birrento. Começar a mudar tudo não dá. Por exemplo: tenho que fazer comida sempre, ele não fica sem o arroz e feijão de todo dia. Ele não come "lanche". Ele não abre exceções. E estou eu lá, sempre cozinhando, sempre tendo que dar conta de milhares de coisas e da casa. 

"Conselhos" tenho ouvido aos montes, mas sempre de quem está de fora e pensa que é fácil. Que num estalar de dedos tudo se transforma.

Não, não se transforma, não se modifica. 

Não tenho férias há não sei quantos anos. Primeiro porque cuidava da minha mãe, sempre doente. Agora ele que tem que ser cuidado. 

"Amigos" se afastaram, pararam de falar comigo e eu nem sei por que, e não faço questão. Eu não vou atrás de ninguém. Enquanto eu ficava de muro das lamentações pras pessoas eu servia, agora que preciso de um ombro amigo, não tenho. Parabéns pelo egoísmo de vocês!

Outros me mandam fazer isso e aquilo, como se eu tivesse tempo pra qualquer coisa, eu mal consigo respirar.

Outros perguntam por perguntar, porque depois me deixam no vácuo na conversa ou só falam de si, não me ouvem.

Não estou pedindo para que venham me bajular, fingir preocupação. Sei que cada um age do seu modo e nem sempre consegue se lidar com isso. Não fico chateada com quem prefere me dar espaço, estão certos. O que eu me irrito é gente querer se fazer de preocupado, mas não está, só quer fingir, como se fosse se safar de algo fingindo de bom samaritano. 

Prefiro que estes fiquem longe, bem longe mesmo.

Não estou pedindo afeto de ninguém, só dizendo que me respeitem. Respeitem a minha dor e se não conseguem ser empáticos, que sejam conscientes de que não vou deixar que você seja minha amiga se não conseguir conversar sobre isso comigo, eu mesma não consigo falar sobre o assunto. O que eu quero é sinceridade e respeito. 

Estou num nível de estresse sem fim, pode ser que eu venha até a ter algo. Já tive várias crises de ansiedade, uma semana inteira em crise de ansiedade. 

Não vou chorar por "amiga" que nem conseguiu me dizer algo bom no Natal e Ano Novo. Que sumiu mesmo. Evaporou depois que minha mãe faleceu. Você não é tão importante a ponto de eu te procurar depois disso. Espero que você não precise do muro das lamentações ou encontre outro para falar de suas obsessões e neuroses. 

Não vou mais ter tempo para "amiga" que manda que eu faça coisas das quais não tenho um pingo de cabeça pra fazer, um pingo de humor, um pingo de ânimo.

Não vou mais dar atenção a "amiga" que me deixa no vácuo na conversa. O vácuo será pra você.

Os poucos bons amigos que conseguiram se colocar no meu lugar e me deram nem que fosse apenas um "meus pêsames", mas de coração, sempre terão meu eterno agradecimento e amor. 

Aos demais, esqueçam que eu existo.