terça-feira, 6 de julho de 2010

Vingança?

Não sei se posso chamar assim, acho que foi mais um desabafo...

No mês de junho estive totalmente de saco cheio do carandiru, vulgo escola, estava praticamente em ritmo de férias de final de ano - que você sabe que terá muito mais tempo longe do sofrimento.
Acredito que muitas pessoas na escola, principalmente alunos e professores mais próximos, perceberam a minha distância. Uma distância por vontade de acabar com aquilo o mais rápido possível, algo como uma "eutanásia trabalhística" rs antes que eu explodisse e joga-se meleca no ventilador...

Não sei se dará certo meu novo projeto de vida, mas é uma tentativa de quem não quer ser como os outros professores que não veem mais saida para a vida deles, a não ser continuar num trabalho desgastante, que ninguém reconhece, ganhar pouco e, ainda por cima ficar se lamentando da vida. Não quero isso pra mim, por isso estou tentando algo novo, totalmente inusitado, longe, mas que me tratá benefício, nem que seja apenas pelo gosto de passear pela Europa...

Quem me conhece sabe que eu sou assim: não consigo me conformar com as coisas, não gosto de ficar parada e não quero e, claro, estou sempre muito perplexa. Tenho sede de mudança.

Na última semana de aula com alunos, não aguentei...
Depois de ter passado o final de semana todo corrigindo trabalhos e vendo que um era cópia do outro, além de cópias descaradas da internet. Fiquei mais uma vez perplexa, raivosa de não conseguir aceitar como esses adolescentes, meus alunos, podem ser tão alienados e se acharem espertos!
Não me conformo de que as pessoas levem a vida como um nada, sem perspectivas, sem um pingo de entusiasmo, o único entusiasmo deles é sexo, drogas e funk... o que não ajuda muito.
Estão totalmente absorvidos pela mídia, muito mais do que no meu tempo de adolescente... cada geração piora, porque os pais não orientam! Eles tem grande culpa nisso, acham que dar um celular que faz pipoca vai tornar o filho dele melhor, melhor em quê? Na escola? Na vida?
De jeito nenhum! Os torna uns consumistinhas de quinta categoria, acéfalos que querem comprar tudo o que veem pela frente, seja coisas materiais como ideias prontas. A ideia pronta que você der a ele, ele compra, pode ter certeza! (boa essa, não é, políticos?)
Essa falta de pensar me irrita profundamente!
Pois, ao invés de usarem a tecnologia a favor deles, usam apenas como um "engana professora". E não enganam, nem a mim, nem a ninguém.
Alguns professores que aceitam trabalhos dessa forma também são culpados, sabem que se trata de um trabalho vazio, porque não leram nem entenderam nada, mas preferem aceitar do que pedir pra refazerem e terem outro trabalho de corrigir.
Eu tive esse trabalho.
Ao ver uma massa de cópias, chegar a dar zero para 35 alunos (!!!) de uma mesma sala de 47 estudantes. Fui obrigada a pedir uma redação para fazerem na hora como recuperação.
Pensei "cada um terá que escrever a sua, não dá pra copiar!".
Sim! Dá pra copiar!
Quando avisei as salas que teriam que fazer uma redação para recuperação a maioria chiou "imagina! eu não copiei! eu fiz pesquisa da internet, desse site sim, mas mudei" (copiaram linha por linha, palavra por palavra, até as erradas, pegam em site porcaria por aí...).
Mas eu me revoltei em uma das salas por conta do total descaso e apatia deles...
Eu não consigo ver adolescente como um ser "morto", não consigo conceber essa ideia, mas é o que eles parecem: mortos de tédio, um tédio mortal e irritante do tipo "acaba logo isso pra eu ir pra casa dormir e depois ficar batendo papo no msn"...
Um bando de zumbis vegetais... sim!
Pra mim adolescência é rebeldia e não vegetar!!
Cadê o teen spirit? É só a marca do desodorante do Kurt Cobain?

Comecei a falar sobre ser plágio esse tipo de coisa e riam "plágio!" nem sabem o que significa, mas acharam graça do tipo "lá vem a professora com palavra difícil pra encher o saco e dizer que o que fiz tá errado..."
Repetiam plágio e riam, falava sobre a proposta de redação que escolhi (Fuvest 99 - falar sobre a geração deles rs), faziam pouco caso, principalmente quando eu disse que se o Brasil fosse um país sério iriam pra cadeia ou os pais por plágio... e aí ficaram ainda mais blasès...
Aquilo me tirou do sério (eu já estava no limite da explosão).
Soltei a pérola: ainda bem que está acabando e quando vocês voltarem de férias eu não estarei mais aqui nesse país de merda! Não terão mais essa professora chata que quer tudo direitinho, bem feitinho, que quer que vocês aprendam algo com ela.

Todo mundo queria saber o que eu ia fazer, pra onde ia. Só disse: depois vocês ficam sabendo...

As redações foram mal feitas, a grande maioria, alguns usaram os mesmos exemplos que dei pra explicar o tema - descaradamente falaram o mesmo que eu - ou, sim, copiaram a ideia do colega. Tanto que se o colega saiu do tema, o amigo foi junto saindo do tema e indo pelo mesmo caminho do outro...
Novos zeros... acabei dando 2, 3 pra não ter mais trabalho e porque estava sendo sufocada, como os outros professores, para entregar notas, ajudar na festa junina e ainda querer avaliar a ajuda dos alunos nos preparativos da festa...
Como disse pra minha mãe: eu ganho menos de 7 reais a hora, não dá pra me cobrarem tudo isso! E mesmo que pagassem 100 a hora, não sou 3 pessoas ao mesmo tempo. Ainda mais numa escola que aluno faz o quer e passa no final e professor tem quase que pedir peloamordedeus para aluno entregar trabalhos, porque depois a coordenadora vem no pé (por causa do maldito bônus - notas azuis+ sem faltas = a aumento no bônus da escola = a mascaração da educação no estado, depois dizem que a educação aqui está cada dia melhor, cada dia melhor pra quem quer mandar num bando de alienados...).

Tudo isso me deixa irritadíssima, raivosa, revoltada...
Só sei que minha contribuição ao Brasil eu dei, só que ele não aceitou, o que fazer agora?
Ser faxineira e esperar receber mais respeito do que como professora...